sexta-feira, 14 de maio de 2010

Fundamentos em Fisiologia do Exercício para Reabilitação Cardiovascular

Conceitos fundamentais em fisiologia do exercício

O corpo humano apresenta-se em estado de repouso e de exercício, sendo que na maior parte do tempo, a intensidade do exercício é baixa ou similar ao repouso, embora podendo chegar a níveis bastante elevados. Em qualquer destas situações, mecanismos fisiológicos são acionados e atuam no sentido de minimizar as alterações do meio interno, preservando a homoestase.
Estes mecanismos funcionam, primariamente, na forma de arcos reflexos, constituídos de receptores, vias aferentes, centros integradores, vias eferentes e efetores. Contudo, em muitas etapas, os mecanismos ainda não se encontram completamente caracterizados. Mesmo assim, o conhecimento atual permite estabelecer algumas bases importantes para o melhor aproveitamento do exercício físico como instrumento de saúde, particularmente, na fase crônica da RCV.
Para esses objetivos, torna-se importante a apresentação e a caracterização de alguns termos e conceitos. Os efeitos fisiológicos do exercício físico podem ser classificados em agudos imediatos, agudos tardios e crônicos. Os efeitos agudos, também denominados respostas, são aqueles que acontecem em associação direta com a sessão de exercício e, os efeitos agudos imediatos, os que ocorrem nos períodos per e pós-imediato do exercício físico e podem ser exemplificados pelos aumentos de freqüência cardíaca (FC), ventilação pulmonar e sudorese, habitualmente associados ao esforço. Por outro lado, os efeitos agudos tardios são observados ao longo das primeiras 24h que se seguem a uma sessão de exercício e podem ser identificados na discreta redução dos níveis tensionais, especialmente, nos hipertensos, e no aumento do número de receptores de insulina nas membranas das células musculares. Por último, os efeitos crônicos, também denominados adaptações, são aqueles que resultam da exposição freqüente e regular às sessões de exercício, representando os aspectos morfo-funcionais que diferenciam um indivíduo fisicamente treinado, de um outro sedentário. Dentre os achados mais comuns dos efeitos crônicos do exercício físico estão a hipertrofia muscular e o aumento do consumo máximo de oxigênio.
O exercício físico pode se apresentar de diferentes tipos, cada um deles acarretando efeitos diversos.
Tal classificação tem caráter didático, uma vez que se torna impossível, na prática, a realização de exercícios estritamente estáticos ou dinâmicos ou, ainda, puramente anaeróbios e aeróbios.
Toda atividade física tem interação entre os componentes com modificações, apenas na proporção relativa de cada um deles, assim, quando se define como exercício aeróbio uma caminhada de 40min, subentende-se que as fases iniciais de curta duração de ajuste fisiológico na transição repouso-exercício, que são realizadas parcialmente às custas da produção anaeróbia de ATP, representam muito pouco no processo fisiológico global e podem ser desconsideradas. Teoricamente, melhor seria definir este mesmo exercício como predominantemente aeróbio, ou na prática, simplesmente, aeróbio.
Eventualmente, pode-se ainda reconhecer qual dos processos anaeróbios de ressíntese de ATP estão envolvidos - anaeróbio alático ou lático -, já que os efeitos fisiológicos são bastante distintos. É fundamental, para a orientação da atividade física do cardiopata crônico em programa de RCV, a precisa prescrição do tipo de exercício.

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