sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Reabilitação Cardiovascular (RCV)

Apresentação

Foi a partir da década de 60 que ocorreram, de maneira mais nítida e efetiva, mudanças substanciais de hábitos de vida e treinamento físico nos pacientes cardiopatas, que saíram do imobilismo e da aposentadoria precoce para uma saudável retomada às atividades física, social e laborativa, através da recuperação do desempenho físico e autoconfiança proporcionados pelos programas de reabilitação cardiovascular.
Os estudos atuais permitem-nos afirmar que a reabilitação cardiovascular tem resultados significativos, tanto no prolongamento da sobrevida com qualidade, como na regressão da placa aterosclerótica do indivíduo com doença arterial coronária (DAC), diminuindo o risco de agravos.
A reabilitação cardiovascular pode ser conceituada como um ramo de atuação da cardiologia que, implementada por equipe de trabalho multiprofissional, permite a restituição, ao indivíduo, de uma satisfatória condição clínica, física, psicológica e laborativa.

Estrutura da RCV:

A RCV é classicamente dividida em quatro fases:

fase I - compreende a RCV durante a fase aguda do evento cardíaco, no período de internação hospitalar; ou até 20 dias de alta.
Nesta fase objetiva-se conter os efeitos prolongados do repouso com exercícios de mobilidade articular de extremidades, estes aumentam o fluxo sangüíneo as extremidades e para as áreas danificadas acelerando assim o reparo dos tecidos, impedindo o desenvolvimento de fraqueza e postura deficiente.
fase II - constitui-se na fase de convalescência, em ambiente domiciliar ou clinica especializada para tal, até que as condições clínicas permitam a realização do TE ou ergoespirometria em protocolos habituais. As atividades desta fase são inteiramente supervisionadas, devendo ser dosadas em um programa diário de treinamento de 30 a 50 minutos, não contendo programa domiciliar, tendo como objetivo o desenvolvimento da capacidade funcional.
fase III - compreende a denominada reabilitação em fase crônica, a partir do 3º mês pós evento, que objetiva alcançar e manter os efeitos fisiológicos da RCV e com graus variáveis de supervisão, até que surjam as condições para a integração dos pacientes em grupos de reabilitação não supervisionados;
fase IV – é a fase de manutenção do estado obtido na fase anterior.

Todas as fases de RCV devem ser norteadas e/ou modificadas por estudo multidisciplinar de cada caso, visando otimizar o aproveitamento das sessões de exercícios, dentro das limitações e capacidades de cada paciente, baseados em padrões clínicos de segurança. Para isso, é necessário contato entre os profissionais que interagem no programa, e autorização específica do médico responsável pelo programa para efetuar-se as modificações.
Os protocolos e especificações de cada prontuário, bem como a avaliação física completa deve ser relatada periodicamente ao médico responsável, inicialmente e ao diagnosticar-se a necessidade fisiológica/morfofuncional de alteração no treinamento para que se possa executar a mudança de fase ou tipo de treinamento.
Indicações
As indicações do treinamento físico incluem: indivíduos aparentemente sadios; portadores de fatores de risco de doença coronária aterosclerótica (tabagismo, HA, dislipemia, diabetes mellitus, obesidade, sedentarismo e outros); indivíduos com TE anormal e ou cinecoronariografia anormal; portadores de DAC: isquemia miocárdica silenciosa, angina estável, pós-IAM, pós-revascularização miocárdica; pós-angioplatia coronária; valvopatias; portadores de cardiopatias congênitas; cardiopatia hipertensiva; cardiomiopatia dilatada; pós-transplante cardíaco; portadores de marcapasso. Recomenda-se, para a prescrição do exercício, que os indivíduos sejam classificados, segundo o risco para exercício físico.

Riscos

O treinamento físico tem sido considerado como forma segura de intervenção médica e fisiológica, vindo como tratamento coadjuvante. As complicações são raras em indivíduos aparentemente sadios, ou em cadiopatas, em programas de reabilitação cardiovascular, onde os exercícios são devidamente supervisionados e prescritos por um profissional qualificado em Reabilitação Cardíaca.


Prescrição de exercício

Embora o envolvimento médico situe-se aparentemente na fase de seleção do indivíduo, é importante sua participação, de maneira contínua, com o professor de educação física. De acordo com a complexidade do serviço durante todas as fases de RCV, a esses profissionais somam-se especialistas nas áreas fisioterapia, enfermagem, nutrição, fisiologia, psicologia e etc.
A determinação inicial da capacidade funcional é elemento fundamental para o treinamento físico em nível de equilíbrio individualizado. Na fase inicial pretende-se melhorar a qualidade de vida e saúde sem a preocupação imediata de perda de peso. A medida que se prolonga o programa, a assimilação da carga permite ao paciente a liberação gradual de cargas mais efetivas.

Aderência ao programa de RCV

Com as facilidades proporcionadas pelo avanço da tecnologia e a conseqüente diminuição do esforço físico, a vida sedentária passou a ser sinônimo de qualidade de vida, transformando-se num grande obstáculo, para início e manutenção das pessoas na atividade física regular.
Pela experiência adquirida na avaliação e coordenação de prescrição de exercícios físicos para RCV em mais de uma década, permite-se apontar a aderência como a principal razão do sucesso ou insucesso da atividade física. Os três fatores básicos responsáveis pela aderência no programa são: confiabilidade, competência e empatia do cliente com a equipe multiprofissional.


Profª Raquel Silveira Bártholo
Fisiologia Cardiovascular

Reabilitação Cardiovascular

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